domingo, 30 de novembro de 2008

Crítica: ‘Terra vermelha’ expõe conflitos de valores indígenas

Filme coloca tribo guarani-kaiowá como protagonista do próprio drama.
Direção é de Marcos Bechis; longa entrou em cartaz nesta sexta (28).

Filme de abertura da Mostra Internacional de Cinema deste ano, “Terra vermelha” estreou nesta sexta-feira (28) em circuito comercial, sob a direção do chileno Marcos Bechis e com índios guarani-kaiowá no elenco.

Foto: Divulgação

Cena do filme ''Terra vermelha'', que estreou nesta sexta-feira nos cinemas (Foto: Divulgação)

Ficção, mas que bem poderia ser documentário, o longa começa escancarando uma das grandes tragédias que fez com que o Brasil conhecesse melhor os kaiowás na última década: os suicídios em série. Logo no início da história, dois jovens são enterrados por integrantes da tribo no Mato Grosso do Sul, diante da indignação dos pais e dos olhares chocados dos amigos da mesma idade.

Os questionamentos da mãe de um dos adolescentes e um celular lançado sobre o corpo já dão mostras dos conflitos de identidade e valores que dominarão o filme. O chefe da tribo decide que todos abandonarão a terra em que vivem atualmente para retornar àquela em que estão enterrados seus antepassados e, conseqüentemente, seus ideais de origem.

O problema é que esse pedaço de terra pertence a um latifundiário (Leonardo Medeiros), que fará de tudo para evitar que sua propriedade seja ocupada. Os índios montam acampamento na beira da estrada e lá aguardam, vivendo apenas com o mínimo: a água do rio que passa dentro da fazenda, a carne de alguns poucos animais que podem ser caçados nas redondezas e alguns restos de comida do capataz que é posto na cerca para vigiá-los 24 horas por dia.

O momento é de resgate, e o xamã da tribo decide espiritualizar um dos jovens índios. Enquanto tenta meditar e entrar em contato com os espíritos, o adolescente tem sua paz perturbada pela filha do fazendeiro, que o seduz não apenas com sua beleza, mas também com a moto que os dois passam a dirigir mata adentro.

Enquanto isso, vários trabalhadores sem-terra se unem ao acampamento indígena, e os problemas de fato se agravam quando um comerciante da região (Matheus Nachtergaele), sabendo da situação precária enfrentada por todos na beira da estrada, passa oferecendo trabalhos temporários em fazendas da região. O chefe da tribo –aliás, alcoólatra, outro dos graves e freqüentes problemas enfrentados pelas comunidades indígenas– é contra, e não deixa ninguém partir. Mas quando a fome aperta, a situação se torna insustentável.

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