quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Meirelles afirma que há ‘exagero’ em manifestações contra seu filme

Diretor argumenta que análise não pode ser feita só com base no trailer.
Associação de cegos planeja ação no dia da estréia nos Estados Unidos.


O cineasta Fernando Meirelles (Foto: Daigo Oliva/G1)

Fernando Meirelles afirmou que há ‘exagero’ nas manifestações de cegos contra seu filme mais recente, “Ensaio sobre a cegueira”. “Creio que há um exagero por parte dos manifestantes que protestam apenas baseados no trailer e no livro”, afirmou o diretor.

A produção, adaptada do livro homônimo de José Saramago, retrata como uma epidemia de cegueira atinge a população e muda vidas. Diante de muitas necessidades, as pessoas se põe em verdadeiras batalhas para sobreviver. A única a continuar enxergando é a personagem de Julianne Moore.

“É um retrato ofensivo e assustador que pode minar os esforços de integrar os cegos à vida em comunidade. O filme retrata cegos como monstros, e vejo isso como uma mentira", afirmou Marc Maurer, presidente da Federação Nacional de Cegos, sediada nos Estados Unidos. “A cegueira não transforma pessoas decentes em monstros.”

Meirelles explica: “Os personagens do filme não são cegos, são pessoas que ficaram cegas de um momento para outro, sem nenhum tempo para adaptação. O filme é sobre a natureza humana e não sobre a cegueira, inclusive o único personagem que era cego de nascença [interpretado por Danny Glover] é quem está mais tranqüilo na situação, justamente por sua capacidade de adaptação”.

O diretor completa: “Evidentemente, sei que os cegos podem ter uma vida normal completamente integrados à sociedade. São inúmeros os exemplos de geniais artistas, pensadores , juristas ou cientistas cegos”.

“Ensaio sobre a cegueira” estréia nos Estados Unidos com 1.700 cópias, na próxima sexta-feira (3), e a associação diz que fará protestos. Cegos e simpatizantes irão distribuir panfletos e carregar cartazes. Entre os slogans: “Eu não sou ator. Mas eu ajo como uma pessoa cega na vida real”.

De acordo com a entidade, o filme reforça estereótipos incorretos, incluindo o de que cegos não podem tomar conta de si próprios e ficam para sempre desorientados. “Nós enfrentamos uma taxa de 70% de desemprego e outros problemas sociais porque as pessoas não acham que a gente possa fazer nada. E esse filme não ajuda”, afirma Christopher Danielsen, porta-voz da organização.

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