Madonna faz exame de consciência em filme sobre o Malau
Documentário 'Eu sou porque nós somos' está na Mostra de SP.
Cantora mostra país onde adotou seu filho caçula, David Banda.
Está em cartaz na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo o mais recente filme que leva a assinatura de Madonna, "Eu sou porque nós somos", documentário feito no Malauí, país onde a cantora acabou adotando o pequeno David Banda. Com roteiro e narração da diva pop, o filme expõe os graves problemas do país africano, como fome, falta de educação e epidemia de Aids.
"Eu sou porque nós somos" é revelador no sentido de esclarecer não apenas os problemas dessa sociedade, mas também suas origens. A Aids, por exemplo, se espalha cada vez mais também graças a antigas tradições das vilas. Em um dos casos, a mulher soropositiva, após perder o filho também portador do HIV, tem que ser "limpa", o que significa que um homem casado vai ter relações sexuais com ela. Não se fala em educação sexual, não se fala em proteção nem em formas de evitar a disseminação da doença, que já é responsável por cerca de um milhão de crianças órfãs no país.
A situação de miséria é grave também. O filme todo é permeado por imagens de pessoas doentes, com as costelas aparentes, braços e pernas quase atrofiados de tão magros. A maioria não tem acesso a escolas, e as crianças ainda sofrem com a violência de rituais macabros.
Além de apontar os problemas do Malauí, o filme recorre a quem pode compreendê-los a ponto de sugerir soluções -porque ao espectador, a certa altura, parece que não há mais esperança. Especialistas do mundo todo e autoridades africanas, de forma coerente, mostram como a população, desde que com apoio externo, pode trabalhar em benefício próprio.
Com o discurso "essas pessoas sofrem tanto e têm uma alegria imensa de viver, como posso eu reclamar de algo?", a cantora encerra o filme fazendo um exame de consciência e convocando os espectadores para fazerem a sua parte. O ditado "Eu sou porque nós somos", que dá título ao longa, se refere justamente às relações entre as pessoas do mundo todo, como é possível ajudar e influenciar os outros num mundo globalizado como o nosso. E Bill Clinton encerra com a frase de feito: "temos que perceber que as nossas semelhanças são mais importantes que as diferenças".
Seja o primeiro a comentar
Postar um comentário