quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Crítica: comédia narra desventuras de uma coelhinha da 'Playboy' sem-teto

'A casa das coelhinhas' estréia nesta sexta-feira (10) no Brasil.
Filme tem produção de Adam Sandler e roteiristas de 'Legalmente loira'.


O que acontece com as coelhinhas da "Playboy" quando envelhecem? Bem, elas são colocadas para fora da famosa mansão do milionário Hugh Hefner para dar lugar a... novas coelhinhas. Shelley Darlingson, por exemplo, acaba de completar 27 aninhos, "mas em anos de coelha isso equivale a 59", descobre a protagonista de "A casa das coelhinhas", comédia escrita pelas roteiristas de "Legalmente loira" e produzida por Adam Sandler que estréia no país nesta sexta-feira (10).

Decepcionada por ter sido chutada da mansão antes mesmo de garantir um ensaio nas páginas centrais da revista - "a maior honra que existe" -, Shelley (Anna Faris) sai em busca de um novo lar com o pouco que lhe sobrou: um carro velho, sua escova de dentes e uma microssaia e bustiê que mal lhe cobrem o corpão há pouco acostumado às animadas festas na piscina de Hefner (o ancião mulherengo faz uma ponta no filme; a mansão retratada também é a real).

A atriz Anna Faris, como Shelley, em 'A casa das coelhinhas' (Foto: Divulgação)

Como num conto de fadas às avessas, a ingênua coelhinha é destratada onde quer que procure abrigo até que, por uma obra do acaso, acaba conhecendo as meninas da Zeta Alfa Zeta, república feminina que reúne as garotas mais impopulares da redondeza e que, por falta de novas estudantes interessadas em dividir o espaço, está prestes a ser fechada pela universidade.

Entre as moradoras da Zeta estão a nerd Natalie (Emma Stone), a punk Mona (Kat Dennings), a grávida Harmony (Katharine McPhee), a machona Carrie Mae (Dana Goodman) e Joanne (Rummer Willis), que para não deixar o espectador com dúvidas do quão nada-sexy são as meninas, usa um daqueles coletes ortopédicos de metal que mais parece uma armadura dos tempos de cavalaria.

É em torno das tragédias pessoais e sociais de cada uma dessas personagens que se desenvolve a trama - e as piadas - de "A casa das coelhinhas". Shelley abre mão da vida de luxos que levava para "trabalhar" como a diretora da república e assim ter um teto para morar, enquanto as garotas aceitam a presença da estranha diante da esperança de que ela, com seus dotes nada discretos, consiga aumentar o grau de popularidade da casa. (Basta que Shelley ponha os pés no jardim para que dezenas de garotos babões se aglomerem em frente ao local para conferir a "novidade").

A felicidade completa só vem com a 'metamorfose' das nerds em Pussycat Dolls (Foto: Divulgação)

Filosofia da 'loira'

Tão profunda quanto qualquer comédia teen de "American pie" a "Todo mundo em pânico" - que, aliás, já tinha a atriz Anna Faris no papel da loira Cindy Campbell -, "A casa das coelhinhas" até que diverte, com piadas bobinhas típicas de "loira burra" e seu enredo de superação, que faz o público torcer pelas pobres meninas desajustadas contra o "sistema", cruel e preconceituoso.

Mais difícil de engolir no entanto - e isso talvez nem seja exclusividade do filme mas de toda uma cultura universitária dos Estados Unidos - é a idéia de que, para se tornarem populares e queridas no círculo social jovem, as meninas têm um só caminho: se comportarem como ninfomaníacas vulgares cujo único objetivo de vida parece ser fazer os meninos caírem de quatro por elas. São as Pussycat Dolls, Britneys e Paris Hiltons da vida fazendo escola.

O filme (uma comédia, não um drama, lembre-se) até tenta fazer um contraponto a isso, mostrando que usar a inteligência ou " ser-você-mesma" também contam pontos. Mas se não tiver aquela maquiagenzinha, um decote mais ousado ou um sutiã com enchimento turbinado, pode esquecer.

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