quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Crítica: 'Baby love' expõe contradições da França contemporânea

Filme narra as dificuldades de um casal homossexual em adotar um bebê.
Dirigida por Vincent Garenq, comédia faz rir sem cair no mau gosto.

Foto: Divulgação
Divulgação
Cena do filme 'Baby love' (Foto: Divulgação)

A julgar pela comédia dramática "Baby love", que estréia em São Paulo na sexta-feira (26), a França é um país de paradoxos. O aborto é legalizado e acessível, mas um casal de homossexuais, mesmo que dentro de uma união estável e financeiramente bem, não pode adotar uma criança.

Escrito e dirigido por Vincent Garenq, o filme não pretende levantar nenhuma bandeira, mas fazer uma crônica em torno da causa -- o que acaba sendo muito mais eficiente.

A questão é que o pediatra Manu (Lambert Wilson, de "Missão Babilônia") sente uma urgência em ser pai, mas seu companheiro Phillippe (Pascal Elbé) nem pensa no assunto. Para poder adotar uma criança, o médico terá de se passar por heterossexual durante a visita de uma assistente social que pode aprovar o seu processo.

Se por um lado isso incita a comédia, o gay se passando por hétero para enganar uma pessoa, "Baby love" nunca descamba para uma baixaria ou a falta de respeito. O teatro armado por Manu é por uma boa causa, mas não dura muito. A verdade vem à tona e a assistente social se recusa a aprovar o processo de adoção.

Nesse meio tempo, o médico perdeu de vez seu namorado, que não concorda com a forma como as coisas aconteceram e continua não querendo adotar nenhuma criança.

A solução para os problemas pode ser a argentina Fina (Pilar López de Ayala), uma imigrante ilegal que precisa obter cidadania francesa, para estudar e trabalhar no país. Ou seja, Fina pode ser a mãe de aluguel do bebê de Manu, e ele, o marido de fachada de que ela precisa.

Mas o diretor e roteirista resolve colocar uma série de obstáculos na vida de seus personagens -- não basta casar e engravidar, é um longo caminho até o nascimento da criança, cheio de meandros e reviravoltas.

"Baby Love" trata de um tema complexo e delicado de forma honesta sem cair na caricatura -- o que poderia acontecer facilmente. O universo dos personagens do filme situa-se longe dos problemas sociais que afetam a França atualmente -- em especial, as tensões entre nativos e imigrantes.

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