sábado, 20 de setembro de 2008

Candidato brasileiro ao Oscar leva menos de 100 jundiaienses ao cinema

Após 7 dias, 'Última parada 174' deixa a única sala brasileira a exibi-lo.
Estréia oficial é só em 24/10; estratégia atende exigência da Academia.

“Última parada 174”, o filme brasileiro escolhido pelo Ministério da Cultura para concorrer a uma vaga no Oscar, vai abrir o Festival de Cinema do Rio no próximo dia 25, e só bem mais tarde, em 24 de outubro, chegará às salas de todo o país. Mas em Jundiaí, no interior paulista, um grupo de pelo menos 80 pessoas já assistiu ao longa de Bruno Barreto e até arrisca palpites sobre como será o desempenho internacional da produção.


Veja vídeos de “Ultima parada 174”

Não, não se trata de uma leva de DVDs piratas que caiu nas mãos dos moradores da cidade. Na sala 6 do Maxi Shopping Jundiaí o filme foi apresentado durante uma semana, em sessões únicas das 17h20. A última exibição aconteceu na quinta-feira (18).

A discretíssima – e não-oficial – estréia faz parte de uma tática das distribuidoras para atender a primeira das exigências feitas pela Academia. Para que entre na disputa por uma estatueta, o filme deve ser exibido em circuito comercial por sete dias até o mês de setembro.

Não é a primeira vez que os cinéfilos jundiaienses desfrutam de uma “première” exclusiva – ainda que sem direito a tapete vermelho e a taças de prosecco. O polêmico “Tropa de elite”, de José Padilha, passou pela sala 3 do Maxi Shopping um mês antes de chegar aos cinemas do resto do país, em 12 de outubro de 2007.

A estratégia faz parte de um acordo entre a distribuidora Paramount e a rede Moviecom de cinemas. “Nosso público tem um perfil muito interessante e as produtoras gostam de ver a aceitação de seus filmes por aqui”, opina Rosângela Lira, assistente administrativa da Moviecom no Maxi Shopping Jundiaí.

Trajetória de polêmicas


“Última parada 174” é baseado no trágico episódio do seqüestro do ônibus da linha 174, ocorrido no Rio de Janeiro em 2000, que terminou na morte do seqüestrador Sandro Barbosa do Nascimento e da professora Geisa Firmo Gonçalves.

Recorrendo a clichês para retratar a situação de pobreza nas favelas e até a alguns melodramas novelescos, o cineasta Bruno Barreto tenta contar no filme os motivos que levaram Sandro a chegar a tal ponto. Aposta um tanto arriscada de Barreto e do roteirista Bráulio Mantovani.

“Olha, ir ao cinema para ver esse filme não é o que pode se chamar de programa de lazer. Mas é bom mostrar a realidade do nosso país”, opinou o representante comercial Anísio Rodrigues, de 56 anos, que estava entre os 12 jundiaienses que ocuparam um dos 248 lugares da sala na última quinta-feira.

Rodrigues, que ficou sabendo da “estréia” por uma nota no “Jornal de Jundiaí”, não acha que o filme possa levar uma estatueta. “Mas é bom que os estrangeiros saibam que esse tipo de violência está acontecendo no Brasil”, opina.

A estudante Sara Costa de Almeida, de 23, é outra pessimista em relação à carreira internacional da produção. “Se o ‘Cidade de Deus’ não ganhou, esse também não leva”, diz ela. “Ainda mais esse filme, que parece tentar justificar os crimes de um bandido”.

A estudante reprovou também a escolha do MinC. “A bossa nova fez 50 anos, tinha tudo a ver ‘Os desafinados’ concorrer ao Oscar. Mas parece que as pessoas gostam mesmo de divulgar essa imagem feia do Brasil, que não é um país só feito de miséria e crime”.

E assim, começa em Jundiaí, a trajetória de polêmicas que parece esperar por “Última parada 174”.

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