quarta-feira, 24 de junho de 2009

Festival traz vampiras lésbicas e filme 100% reciclado a São Paulo

Júri da competição será presidido por José Mojica Marins, o Zé do Caixão.Evento reúne 34 produções de terror, fantasia e ficção científica.

Zumbis, vampiros, extraterrestres, robôs, monstros e gigantes vão invadir São Paulo a partir da próxima quinta-feira (25), data em que abre - só para convidados - o SP Terror: Festival Internacional de Cinema Fantástico. O evento apresenta 34 títulos, entre produções nacionais e internacionais, em sessões diárias no Reserva Cultural até 2 de julho.

Entre os destaques da programação está o ainda inédito no país "Matadores de vampiras lésbicas". Dirigido pelo britânico Phil Caydon, o longa é uma homenagem aos filmes B da década de 1970 que conta a história de dois amigos que vão parar em um vilarejo povoado por belas mulheres de dentes e afiados.

Ainda em território vampírico está o elogiadíssimo "Deixe ela entrar", do diretor sueco Tomas Alfredson. Vencedor de diversos prêmios - incluindo os do Festival de Cinema Fantástico de Amsterdã e do Fant-Asia -, o filme conta a história de um menino que sofre de bullying na escola e se apaixona por uma pequena vampirinha.

"['Deixe ela entrar'] é um filme muito elegante, uma produção de alto orçamento com uma fotografia maravilhosa sobre duas crianças que se sentem marginalizadas e se refugiam dentro de um mundo fantástico", explica Betina Goldman, diretora do festival.

Cena do filme sueco 'Deixe ela entrar', de Tomas Alfredson (Foto: Divulgação)

Betina - que é também agente de vendas dos filmes de José Mojica Marins, o Zé do Caixão, no mercado internacional - destaca outros títulos da programação. Entre eles, o argentino "36 passos", que define como "uma comédia sensual splatter", e o chileno "Solos", de Jorge Olguin, nova aposta do cineasta cult Guillermo del Toro, de "O labirinto do fauno".

"Queremos dar muita ênfase à produção latino-americana. Primeiro pela situação geográfica, e segundo porque o mercado talvez já queira ver o cinema daqui como uma nova fronteira, depois do boom do cinema asiático no gênero".

Herdeiros de Mojica

Todos os filmes acima concorrem ao prêmio da Mostra Competitiva SP Terror, que terá como presidente do júri o próprio Mojica, a quem Betina se refere como "o grande mestre icônico" do terror brasileiro. "O Brasil o tem como modelo há mais de 40 anos, sem que houvesse alguém que ousasse fazer alguma coisa ao lado dele. Agora, há uma nova geração despontando", avalia.

O capixaba Rodrigo Aragão é um destes herdeiros bastardos de Mojica. Exibido recentemente na mostra Cinema de Bordas, em São Paulo, seu thriller de zumbis pescadores "Mangue negro" tem colecionado prêmios nos festivais internacionais por que tem passado.

"'Mangue negro' é um filme de zumbis ecológico - os zumbis emergem do mangue, que está contaminado pela poluição - mas é ao mesmo tempo um filme popular, com a veia de Guel Arraes e espaço para o mocinho", explica Betina.

Outra produção nacional selecionada é "O fim da picada", de Christian Saghaard, longa de terror inspirado em "Macário", de Álvares de Azevedo, que é ambientado em uma praia brasileira no século 19, com direto a sacis, exús e outras entidades típicas do folclore nacional.

Pôster do filme 'Sex galaxy', de Mike Davis (Foto: Reprodução)

Filme 100% reciclado

Correndo por fora da competição, destacam-se "O gigante do Japão", de Hitosi Matsumoto, inspirado nos filmes e seriados de monstros japoneses; o clássico do cinema mudo "Golem", de Carl Boes e Paul Wegener, que terá exibição especial acompanhada ao vivo por um guitarrista; e "Sex galaxy", uma aventura espacial bizarra sobre uma expedição científica em uma planeta habitado por mulheres famintas por sexo.

Entre as curiosidades deste último está o fato de o filme ter sido todo construído e dublado a partir de retalhos de longas-metragens antigos cujas imagens já estavam em domínio público. Os créditos iniciais anunciam: trata-se do "primeiro filme verde, 100% reciclado" jamais feito.

Que o espectador que for ao festival, portanto, não espere encontrar fortes candidatos a Oscar de efeitos especiais, direção ou atuação.

"Falar que esses filmes são trash não é pejorativo. Existem legiões de jovens que curtem o trash como um desafio, uma gozação ao convencional", justifica Betina. "A qualidade está em saber olhar as pérolas dentro das ostras", conclui, enigmática.

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