sábado, 15 de agosto de 2009

‘O homossexualismo mexe com os machões’, diz ativista gay que viu ‘Brüno’

Novo filme de Sacha Baron Cohen estreou sexta-feira (14) no Brasil.
Famoso por 'Borat', ele interpreta agora um jornalista homossexual.


Famoso mundialmente pelo protagonista de “Borat”, Sacha Baron Cohen ressurge nos cinemas brasileiros, agora para dar bafão como o fashionista e celebrity wanna be Brüno. Adorado por uns, odiado por muitos, Cohen retoma seu humor ácido e besteirol, retratando um repórter austríaco gay disposto a tudo para se tornar uma estrela hollywoodiana. O G1 convidou o estilista Walério Araújo e o ativista do movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) Julian Rodrigues para assistir a uma sessão do longa-metragem e opinar.

Foto: Divulgação

Depois de ''Borat'', Sacha Baron Cohen volta aos cinemas como Brüno, o repórter gay que sonha em virar celebridade (Foto: Divulgação)

“Eu tinha visto o ‘Borat’ e já não tinha me entusiasmado. Tem um humor muito infantil e escatológico, no qual eu não vejo graça. Tem partes brilhantes, como a crítica ao fundamentalismo, ao universo da moda e às celebridades. Mas como esquete seria mais feliz do que como longa, acho entediante. Não me choca e é de mau gosto”, analisa Rodrigues.


“Gosto do humor politicamente incorreto, e é possível trabalhar os estereótipos de maneira inteligente. Você assiste a ‘Will & Grace’ e não se sente ofendido. A mesma coisa com ‘Família da pesada’. Não vejo que o filme tenha grande impacto. A TV brasileira, por exemplo, é mais conservadora e faz coisas muito mais agressivas, caricatas e homofóbicas”, completa.

Araújo diz que também não viu muita graça nas piadas de Cohen, mas reconhece que o retrato que ele faz do mundo da moda tem muito de verídico. “Não sei se meu senso de humor está amargo, mas achei pouco engraçado. De qualquer forma, existem pessoas que acabam ridicularizando o mundo da moda, que querem chamar a atenção. Tem gente que não tem nada a ver, mas quer aparecer, tirar uma foto. Tem gente que apela para tudo.”

(Atenção: os parágrafos a seguir contêm spoilers)

Os dois concordam também ao elogiar o talento de Cohen e reconhecer que o tipo criado por ele não é apenas exagerado, mas inspirado na realidade. E destacam as críticas que o filme lança por meio de situações que o protagonista diz serem espontâneas –como acontece quando, num ringue de luta livre, ele e outro homem se beijam, diante dos olhares chocados da plateia, que passa então a atirar objetos em ambos.


“Acho interessante a cena da luta, porque é possível perceber a reação homofóbica. O orgulho hetero não existe só nos Estados Unidos. É interessante ver como o homossexualismo mexe com os machões. É como se o mundo perfeito deles, como heterossexuais, tivesse desabado”, analisa Rodrigues.

Quando Brüno decide se tornar uma celebridade norte-americana, começa a seguir os passos das grandes estrelas de Hollywood. E o que ele conclui, observando figuras como Tom Cruise, é que tem mais chances de ser bem-sucedido se não for mais gay. “Podemos usar o nosso universo como exemplo. Há muitos atores que são gays, e nas novelas são galãs heterossexuais. A MPB é uma sapataria, todo mundo sabe, mas pouca gente se assume. Ainda tem muito preconceito”, garante o ativista.

“Tem a ver com a homofobia, mas também com a comodidade. A coisa mais triste deve ser ter que mentir sobre a sua verdade. Não trata-se de virar militante, mas de encarar isso com naturalidade. Ajudaria a auto-estima de milhões de pessoas”, conclui.

Já Araújo acredita que os gays definitivamente conquistaram seu espaço profissional. “Hoje os caretas vêem os gays de forma diferente. Eles consomem demais, a parada gay provou isso. E depois de tantos ternos e gravatas desmascarados por corrupção, os gays são muito mais machos, pois são profissionais responsáveis. Isso faz com que as pessoas superem os preconceitos.”

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